“Tendo o rei coberto o rosto, exclamava em alta voz: Meu filho Absalão, Absalão, meu filho, meu filho!”
A Bíblia nos mostra uma linda história de Davi como um guerreiro do Senhor. Um guerreiro improvável, poderíamos dizer, porque não tinha porte físico de guerreiro, foi um pastor de ovelhas em sua juventude, um homem sensível à voz do Senhor em seu dia a dia, que tocava harpa. Definitivamente, este não é o perfil normal de um general de guerra.
Talvez por isso, por se saber incapaz nesta área de sua vida, ele se colocasse tanto na dependência do Senhor. Normalmente, o que fazia nas guerras era antecedido por uma consulta ao Senhor (I Sm 23:2, 4; II Sm 2:1; 5:19, 23).
Mas a Bíblia não nos mostra esta mesma preocupação na área familiar. Pelo contrário, vemos uma postura muito ausente nesta área. Diante da situação de incesto de Amnom, ele mesmo atendeu ao pedido do filho de mandar Tamar para preparar o alimento, sem questionar a situação, que, de cara, vemos que é estranha – por que Amnom só comeria das mãos da irmã? Dois anos se passaram e não houve qualquer punição para Amnom. Absalão, então, resolve fazer justiça a sua maneira, mata o irmão e foge. Passou dois anos longe do pai. Joabe teve que intervir na situação para que Davi permitisse a volta de Absalão. Mas, depois que este voltou, não quis ver o filho para conversar, resolver a questão. E mais dois anos se passaram. O próprio Absalão teve que fazer com que Joabe intervisse de novo para que pudesse ser admitido à presença do rei. A alma de Absalão estava tão doente com esta situação omissa de Davi, que traiu o pai, proclamando-se rei em Hebrom, lugar para o qual foi com o consentimento do pai. E o que Davi fez diante disso? Fugiu. De novo não enfrentou os problemas. Depois da morte do filho, de que adiantou ficar se lamentando? Mais uma vez, Joabe teve que intervir, porque essa postura tardia poderia trazer mais consequências ruins.
Infelizmente, há muitos cristãos que estão vivendo desta mesma forma: vigiam em tantas áreas de suas vidas, mas não se posicionam dentro de casa, estão se omitindo em relação ao relacionamento com o cônjuge, à criação dos filhos. São pessoas permissivas, distraídas dentro de seu próprio lar.
Os filhos, em especial, são herança do Senhor, eles não são nossos. Até que se tornem maiores de idade, são nossa responsabilidade e prestaremos conta diante de Deus por cada um deles. Para cada decisão que os envolve, temos que, necessariamente, consultar o Senhor, pois não há uma receita única para a criação deles. Os princípios da Palavra são para todos, mas, na condução, devemos sempre consultar o Senhor, pedir sabedoria, porque a criação nos caminhos do Senhor é uma tarefa árdua, em função de toda a pressão social que vivemos e que tende para a malignidade.
Que o exemplo negativo de Davi sirva de sinalização para nós.