Depois, viramo-nos e seguimos para o deserto, caminho do mar Vermelho como o Senhor me dissera, e muitos dias rodeamos a montanha de Seir. Então, o Senhor me falou, dizendo: Tendes já rodeado bastante esta montanha; virai-vos para o norte. (Dt 2:1-3)
Este versículo, que é um trecho da história do povo hebreu no deserto, mostra um momento de direção específica de Deus.
Gostaríamos de destacar o fato de que o próprio Deus deu a direção de rodear a montanha, e o povo obedeceu. Mas, depois de um tempo, o Senhor disse que já era bastante, que o povo saísse dali e fosse para um novo caminho.
Dessa mesma forma, muitas vezes, Deus faz na nossa vida.
Muitos dos cristãos têm a ideia errada de que, quando Deus nos dá uma direção, é para sempre. Isto produz muito sofrimento, seja porque não desejamos essa direção, quando ela nos é dada, seja porque gostamos demais da direção, nos acostumamos com ela e ficamos confortáveis, a ponto de sofrermos quando temos que deixá-la. Alguns chegam mesmo a entrar em crise, questionando se Deus está falando mesmo, duvidando porque achavam que era definitivo.
É preciso entender que o Reino de Deus está em movimento. A direção que Deus nos dá hoje pode mudar a qualquer momento, dependendo do desígnio que Ele tem para nós e dos níveis de maturidade que alcançamos ou deixamos de alcançar. Nesta vida, as posições e direções não são eternas, apenas cumprem um propósito. Como está escrito em Jo 3:8 – “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem nem para onde vais; assim é todo o que é nascido do Espírito” –, nós somos como o vento, já que nascemos do Espírito. Então precisamos estar prontos para sermos deslocados. Além disso, precisamos entender o deslocamento dos irmãos direcionados por Deus e apoiá-los nesses momentos. Infelizmente, já presenciei situações em que um irmão orou para o outro não ser enviado, porque amava o irmão e não queria que ele fosse para longe. Esta não é uma situação de maturidade.
Mas vale ressaltar que este deslocamento deve ocorrer APENAS de acordo com a vontade do Pai, pelo seu Espírito. Não podemos nos deslocar de acordo com a nossa alma, que sempre grita diante de uma dificuldade. As dificuldades (aflições) sempre vão acontecer, mas elas não podem ser termômetros de que há uma nova direção.