Então, Jefté fugiu da presença de seus irmãos e habitou na terra de Tobe; e homens levianos se ajuntaram com ele e com ele saíam. (Jz 11:3)
As circunstâncias da vida, muitas vezes, não são favoráveis à maioria das pessoas. Quantos de nós não passamos por situações difíceis na vida, como a separação dos pais, uma orfandade inesperada, um acidente ou doença que deixa limitações, uma perseguição sem motivo, enfim, situações que não escolhemos?
Assim aconteceu com Jefté. Ele foi gerado em um relacionamento fora do matrimônio, filho de uma prostituta. Mesmo assim seu pai o reconheceu como filho, mas seus irmãos o desprezavam por não ser filho de sua mãe e por não quererem dividir com ele a herança. Tudo isso com a aprovação das autoridades da cidade, que poderiam tê-lo ajudado, mas não o fizeram. Ele não escolheu ser filho de uma prostituta, mas foi rejeitado por uma circunstância que não escolheu e que lhe trazia vergonha. A saída que viu para si foi a fuga e a convivência com pessoas também excluídas como ele.
Um tempo depois, quando aquelas mesmas pessoas estavam em dificuldade, pediram ajuda a ele, porque reconheciam nele um homem de coragem. Mas como chamar um homem que foge de uma situação familiar de corajoso?
A resposta está na postura que tomamos frente às adversidades. Nas circunstâncias que nos sobrevêm e que não escolhemos, o que fará a diferença em nossas vidas é a forma como reagimos a elas. Podemos nos fortalecer com elas ou nos deixar abater. No caso de Jefté, é provável que houvesse uma grande capacidade de liderança nele, pois a Bíblia diz que “…homens levianos se ajuntaram com ele e com ele saíam”. Pelo que está escrito, ele não se juntou a um bando de marginais, mas estes viram nele algo diferente e decidiram estar com ele. Os anciãos de Gileade, que não o defenderam, também reconheciam esta característica, pois, no momento da dificuldade, foram atrás dele. Mas, apesar de sua capacidade de liderança, ele era um excluído social.
É preciso entender que Deus usa quem ele quer e nos capacita, mesmo que sejamos socialmente improváveis. As oportunidades estão sempre diante de nós para usarmos nossos dons e talentos. Nossas dores da alma precisam ser expressas por palavras, como ele faz no v.7, nossos pontos de vista precisam ser verbalizados, como no v.9, mas não podemos deixar de viver o que Deus tem para nós por causa de dores do passado. Deixemos o que passou e sigamos no que Deus estabelece para nós. Precisamos ter como meta, sempre, ser bênção nesta terra, apesar das circunstâncias. Deus gosta de usar os improváveis para fazer grandes coisas, porque aí todos saberão que a glória é somente Dele.